terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Ponte Sobre o Mar

Eu sempre quis te falar
Tudo que te mandei por escrito
Tudo que falaste comigo
Saiba que não esqueci

Teu cheiro
Teu jeito de falar
Teus risos e gritos
Consegui decifrar

O brilho contido no teu olhar
O clarão do teu sorriso
Cada sílaba por ti falada

Só eu sei o esforço que fiz
Para estar contigo
Como uma ponte sobre o mar
Só te querendo segura
Mas agora...deixo-te só
Nao é minha culpa

Com um oceano todo a teu dispor
Aproveite a vida e veleje sozinha
Sinta minha presença, meu amor
Pois nesse caso, não sou mais ponte
Sou vento, sou brisa, sou morte sem dor

Enxugar-te o rosto no meu pensamento
Mostrar para ti o caminho a trilhar
Como uma ponte sobre o mar...

...Mas acabou.


Mauricio de Lima - 28/12/2010

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Um Ex-empacotador na Merda.

Eu cheguei em casa, acendi a luz
Sentei à frente do sofá, no chão
Liguei o rádio, olhei pro teto
Cansado e sujo, dormi de exaustão

Hoje eu acordei com a cara torta
Meus olhos vidrados em baixo do sofá
Junto com baratas, e o jornal babado
Levantei dolorido e fui trabalhar

Mercadoria ali dentro, coloco e entrego
Um sorriso de 'volte sempre', sempre amarelo
E no galpão com a luz fraca e clima sofrido
Olhei pro meu chefe e disse: Me demito.

Foda-se. Me demito. Eu tenho esse direito
Não quero mesmo ficar rico.. Mesmo se quisesse
Aqui não vou ficar.

Bater uma carteira.. Não.
Furtar não tem emoção.
Decidi ali que eu ia assaltar

Furto é punheta, assalto é transar.

Mas decidi dar uma de malandro
Pulei um muro e me vi na garagem
Quebrei a janela e entrei na casa
Peguei um rádio e sai correndo
ha-ha

Correndo na rua com um rádio nos braços
Olhando pra traz rindo que nem palhaço

Voltei pra casa e...
Acendi a luz.

Liguei o rádio.

Liguei pro chefe. Desligado.

Sentei ali, olhei pro teto.
Cansado, dormi sujo
E desempregado...


Mauricio de Lima - 01/12/2010

sábado, 27 de novembro de 2010

E se afastou o cálice...

Pague a sua liberdade com notas de sangue
Foi você quem lutou por isso, e eu lembro bem como foi
Vocês queriam ser livres, cheirar diesel e se embriagar
Depois de feito tudo isso, e afastado o cálice de sangue
A prisão agora é outra, e não há passeata que abra a cela

Mudaram a constituição, mudaram os poderes
Com suas passeatas vermelhas, pedindo direitos
Dado os direitos, acabaram-se os deveres
Sintam agora o gosto amargo da sua juventude
Por que a prisão é a sua casa, e não há quem saia dela

Os camisas verdes foram trocados pelos sem camisas
Pelos sem ideais, e pelos libertadores morais
Libertinagem foi a sua liberdade exercida
Agora eu não quero teorias, apenas olhemos ao nosso redor

Dirija o seu carro: Queimado
Beije a sua filha: Morta
Ande neste chão: Marcado
Do cálice afastado: de Sangue


Mauricio de Lima - 27/11/2010

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Nos Ares...

Olha só pra ele!
Ele está evaporando!
Olha lá! Volta pra cá!
Ele está sumindo nos ares!!
Não!!

Eu acabei de colocar ele no copo
Eu acabei de dar um trago
E quando fui virar de novo
Ele não tava mais aqui!

Alguém ta roubando meu vinho!
Ou ele está sumindo nos ares!
Vou cheirar meu vinho!
Se ele tiver evaporado!

Um dia eu vou evaporar
Um dia você vai também
Nos decompôr que nem merda
Que nem aquele mendigo que você queimou

Vamos virar apenas gases e pó
Vinho evaporado, mijo, suor
Aparência nunca foi importante
Me fale de você, de mim
Critique, discuta, aponte!

Sua aparência vai se acabar
Você tem que ser lembrada
Não pela merda da sua foto
Mas pela sua cara lavada

Com a consciência limpa
E livre de aparências!

E traz meu vinho de volta...

Mauricio de Lima - 19/11/2010

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A Velha Na Banca

Vi aquela revista feminina
Colocando como tabu o 'engolir'
Vi uma senhora a pegando
E o riso veio fácil
Nela e em mim

Eu ri por que achei bizarro... 'mas nessa idade?'
Sera que até essa idade ela nunca deixou fluir?
E a resposta veio - Claro que não.
Por que a tendencia da sua revista
Nunca para de mudar
E ela, a velha
Não sentiu e nem viveu
Apenas leu e seguiu:

O artigo.

O riso veio nela por ler o que pensa
Mas não ter coragem de falar
E encontrou alguem que pensa, mas escreve
Do mesmo jeito que ela

Mas essa pessoa que pensa e escreve
Esta vivendo, contando,
tirando suas conclusões
E imprimindo, e divulgando...

Mas a velha...

A velha só ta rindo, coitada
Só quer ler, e se divertir
Folheando e procurando
O "Engolir ou cuspir?".


Mauricio de Lima - 1/11/2010

domingo, 24 de outubro de 2010

Pedra


Me faça sair deste mundo
Completamente vão

Ouço tua voz
Infantil, doce
Me entristece
Como se bom eu fôsse

Sei que mereces mais
Sei tambem que você me quis
Sei que eu quis demais
Tentar com você ser feliz

Mas a beleza é engolida novamente
Pela merda da minha alma incoerente
Ao mesmo tempo que te beijo
Desejo te comer com desprezo

Você não vê brilho nos meus olhos
Como eu vejo nos seus
Eu sinto seu sentimento pulsar
Mas morreram-se os meus

Há tempos que não renascem
Mas você me faz me odiar
Como eu os queria agora
Mostrar pra você que eu vou te...

Não
Consigo
Coração
Duro
De pedra
Sofrido

Casca
Em volta
Dele
Retorna
Batido

Seco
Me volto
A tornar

De novo.


Mauricio de Lima - 24/10/2010

Maldito Bar

Lá é um maldito bar pra mim
É onde meus pensamentos mais podres
Fluem com naturalidade
E onde as moscas voam
Em cima do cachorro deitado no chão

Toda vez que eu entro lá
O cheiro de boêmia gruda em mim
Minha perversidade vem jorrando
Sem controle. Apenas vem
Massacrando minha compaixão

A cachaça que escorre no meu pescoço
Faz a tosse rouca do tabaco
Queimar mais que o normal

O mal cheiro de um bêbado
Lá dentro, comigo
Nunca foi tão normal.


Mauricio de Lima - 24/10/2010

sábado, 16 de outubro de 2010

Atolados Em Merda

...E o mundo volta a me dar nojo
Preguiça de estar sóbrio
Sem tempo de estar ébrio
Causa um inerte desgosto

Eu não sei se vocês conseguem ver o que eu vejo
Eu não sei se vocês ja viram tanto isso que se acostumaram
O que eu sei é que se me sobra um pouco de bom senso
O fim do mundo é o meu natural desejo

Eu não consigo pensar sem ficar puto
Talvez seja esse o problema...Mas não é
Eu posso me enganar falando que o problema sou eu
E tentar me mudar

Mas se eu me mudar eu não vou ajudar
Eu apenas vou me adaptar à desgraça
Vou virar um pouco mais desgraçado
Aumentando o índice de idiotas robotizados

Se for pra ser idiota, que seja do meu jeito
Sem querer forçar a barra
Sendo idiota por não se adaptar
E não por querer se igualar

A verdade é que o mundo vive em luto
Chora mais por nascimento do que por morte

O luto é velado, coberto por sorrisos amarelos
A nossa hipocrisia sempre é mais forte.

Mauricio de Lima - 16/10/2010

domingo, 10 de outubro de 2010

Mamilos Rosados

Eu me livrei dos meus vícios
Era o que eu gostaria de te dizer
Mas eu só quero chupar seus peitos
Era isso que você queria ouvir?

Não perca tempo comigo
E também não leia o que eu escrevo
Não descubra quem eu sou
Mas fique comigo um momento

Finja ser alguém que eu goste
Pelo menos por um segundo
Por que eu to fazendo isso desde que te conheci
Afinal eu nao quero ser conhecido por você
Voce não me entenderia, e mesmo se entendesse
Eu não dou a mínima...
Que idiota.

Eu nunca to nem ai pra nada
Comento isso com um amigo, que pensa igual
E a gente ri...

Eu não ligo pra minha roupa
Pra minha cara, cabelo, barba
Mas me incomodo se eu sair de casa
E as pessoas me olharem como se eu estivesse cagado

Se eu vivêsse sozinho
Eu viveria sem tomar banho
Com a cara oleosa, barba grande
Bêbado e fedido, com uma espinha no bigode.

Eu não ligo pra porra nenhuma
Até encontrar alguém que ligue pra isso.
E eu escrevo em versos mas é só um texto babaca
Eu odeio ler escrito dos outros
Por isso nao cobro que leiam os meus

Então mulher, sua safada, não me conheça
Por que eu nao tenho nada de apaixonante
Nem de especial
Sou um burro igual os outros
Mas me acham inteligente só por eu ter cara de cu

Odeio quando me descrevem
[e você ja deve ter feito isso pras suas amigas]
Não sou uma má pessoa, mas não gosto de vocês
Sim, ajudaria caso precisassem
Mas isso também nao me faz uma boa pessoa..

Hoje é domingo, to ouvindo country e bebendo vinho
Muitos idiotas acham isso legal
Gostam de ouvir as pessoas se fuderem, afinal
E ainda por cima, acham engraçado
Então riam da minha cara, desgraçados!

Outras gostam de falar que fazem coisas idiotas
Por que acham legal e ta na moda ser um pedaço de bosta
E se ninguém pode provar que você ta ou nao fazendo isso
Qual a merda da diferença entre fazer e falar?
No final da sua frase ou do seu porre
Seremos vistos como a mesma merda

Eu não sei recitar nada do que eu escrevo
Por que eu não ligo pra isso também
Eu nao digo que sou poeta nem escritor
Por que com internet e álcool todo mundo vira um

Então não achem isso interessante
Nem coisa de pessoa inteligente
E você, me trate como as garotas que eu gosto
E que eu nao quero que saibam que eu existo
E nao quero que saibam o que eu faço

Por que o que me atrai nelas é sua naturalidade
E elas nunca vão saber disso
Eu não namoraria com nenhuma, não tenho mais idade
Então não quero saber sua opinião pra nada

Se ela ler que eu quero ficar imundo
E vomitado a minha vida inteira
Vai continuar gostando de mim?
Se sim, eu vou embora pra onde viro estranho de novo

Merda, pra que to falando isso pra você?
Esquece o que eu disse, mulher
Vamos voltar ao nosso mundo
Senta na minha cara e fecha os olhos
Quero sentir o seu gosto...

Mauricio de Lima - 10/10/2010


sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Pedaço de Carne

Você pra mim é carne
Não há o que te dizer
E nem você para mim
Não há como me convencer do contrário
Pois você ainda é carne

Mesmo que às vezes você mostre sentir algo
Mesmo que às vezes você diga alguma coisa boa
E mesmo que às vezes meu pensamento for você
Analisando friamente, eu também penso em carne
Então continuará sendo apenas um pedaço de carne
Um pedaço de carne que fala.

Talvez você não goste de ser analisada dessa maneira
Então eu tenho a solução mais simples
Eu vou te comer, te fazer desaparecer
Você vai sumir, e eu não vou te julgar
Um dia a sua carne vai apodrecer
E então não vai poder mais me chantagear

Usa dela pra jogar comigo, por que sabe do meu ponto fraco
Sabe que sou um animal, e às vezes mudo para ter carne
Mas no intimo sou o mesmo, e eu sei disso
Você tambem sabe

Mas se prefere se enganar
Só faz eu ter a certeza
Que você continua sendo
Apenas um pedaço de carne.

Mauricio de Lima - 24/09/2010

domingo, 22 de agosto de 2010

Sem Expressão

Me olho no espelho e tento ver minha alma
Meus pensamentos estão fora de controle
Completamente confusos, fora de ordem
Falta em mim um sentimento essencial
Pra me fazer continuar seguindo em frente

Pensei que era diferente do que eu estou sendo
Na verdade, sou um pervertido sem educação
No passado, sentia e valorizava cada paixão
Hoje, quando posso mostrar valor, só sinto tesão
Me faz querer não levar isso em frente

E fazer com ela assim como fizeram comigo
Ou talvez seja apenas uma impressão da minha mente
Pode ser que ainda não chegou a hora
Ou que essa hora já passou, e eu sou um filho da puta.

Sempre fui de criticar infiéis
Agora me sinto um hipócrita
Vi que a qualidade pra mim não importa
Se não vier junto com a quantidade

E o pior, não sinto nenhum remorso
E isso me faz sentir raiva
Dos demais, eu sei que de diferente eu não tenho nada
Sou um igual, um fodedor de tudo que respira

Espero me encontrar de novo, um dia.


Mauricio de Lima - 22/08/2010

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Vento

E esse vento que nos traz agora
Cheiro de chuva, de renovação
Indica que mais um ano está indo embora
Talvez um tempo de vitória, olhando em frente
Ou o reconhecimento da derrota, olhando pro chão

Vento que faz a árvore balançar, a folha cair...

Há alguem nesse segundo que tem mais o que dizer
Que realmente tem uma época para lembrar
Nostalgia toma conta da sua mente
Mas ela simplesmente não pode falar

Apenas lembranças vagas na memória
Histórias que gostaria de reviver
Sabe que se alguém ainda não sentiu isso
Um dia vai sentir, e viver

Lado a lado com o tempo, sem vontade de querer ser...

O vento da morte vai passar
Vai levar ela pra outro lugar
Vai descobrir finalmente o segredo da vida
Que se faz presente apenas no fim

Talvez não tenha tanto valor a família
A dor, o passageiro, a sorte
A pátria, a cidade, a casa
Sua vida, sua história, sua morte.

Que o vento leve sua alma, que passe sem rastros
Assim como fez com tantos milhões
E que faça assim tambem conosco
Por que a morte não precisa de tantos jargões.

Mauricio de Lima 16/08/2010

domingo, 11 de julho de 2010

Da Paixão ao Fim

Um jogo de interesses
Um riso, um abrigo
Coisas em comum vão surgindo
Então pensam que são amigos

Será a aparência que aproxima?
O cheiro, os contatos, o olhar?
Tentativas frustradas de dar em cima
Uma certeira, e começam a namorar

Passa o tempo, e o mesmo rosto que encanta
Apenas passa o tempo, substitui um objeto na cama
O olhar parece opaco, sem vida para dar
Mesmo assim, resolvem se casar

Rotina, rotina, rotina
Todo dia a mesma coisa, todo dia
Um dia vai melhorar, um dia
Mas logo chega em silêncio...
O último dia

Separação parece funcionar
Mas ela perdeu seu tempo, sua beleza fria
O desespero toma conta da sua mente, doentia
Vinte anos poderiam passar novamente
E naturalmente, ter o fim da vida
Mas o caminho mais fácil, nem sempre é o errado
E se torna mais uma suicida.


Mauricio de Lima - 11/07/2010

Geração Perdida

Adrenalina, sangue no olho, vai fazer você defender
A terra em que nasceu, e em que também vai morrer!
Aprenda a desprezar sua omissão!
Tenha em mente o bem da sua nação!

Levanta e vai trabalhar, trabalhar para viver!
O Brasil é nossa pátria e por ele eu vou morrer!

Houve um tempo em que se resolvia na porrada
Hoje em dia a molecada vai na bala
Onde estão os valores como a honra
Força e lealdade, que antes eram veneradas

Se perderam no tempo, espalhados pelo chão
Mas há os homens que trazem isso guardado
No coração!

Depois da guerra nego voltou pra casa
Perdeu as forças que o fez sair de lá
Se esqueceu do terror do campo de batalha
E hoje em dia... Geração Perdida!!

Foi-se embora
O amor à Patria
Com a paz instaurada
A paixão morreu


Mauricio de Lima - Maio de 2010

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Esses dias...

Esses dias
Eu estava lembrando
Das coisas que um dia eu fiz
E hoje não consigo mais fazer

Esses dias
Eu estava pensando
Quando foi que eu me acabei
Sem conseguir perceber

Talvez eu apenas tenha feito
Do mesmo jeito que agora faço
Só deixei o tempo passar
Sem pensar no próximo passo

E talvez, não tenha sido tão ruim assim
O auto conhecimento não teria tempo pra mim
Meus pensamentos estariam limitados então
E não procuraria, pois nem saberia
O que perdi nessa doce ilusão

Há tempos e tempos
Mas pra mim não muda muito
Acho que o auto conhecimento só vem com o auto desprezo
E a dor e labuta é que dá cria ao desejo

Minha frieza não é minha culpa
Nem sua, se a tiver
Simplesmente aconteceu, natural
Sem ter um culpado qualquer

Ditados populares não me definem bem
Na grande maioria são sempre bem hipócritas
Falam sempre de alegria, superação banal
Coisas feitas para alegrar a escória

Necessidade de conversar o tempo todo
Carência afetiva latente
Não faz parte de mim, não adianta forçar

Isso não faz parte do meu jeito de ser
Prefiro acreditar que isso foi imposto
Em uma década qualquer, por um cara qualquer
Antes de morrer...



Mauricio de Lima - 24/06/2010

domingo, 20 de junho de 2010

Solidão Voluntária

Ficou claro diante dos meus olhos
Que assim como qualquer outra pessoa
Ela tambem era insegura

Surgiu como um clarão, um raio na minha frente
Idéias de separação e abandono
E uma pena, por ela ser tão pura

E no silêncio que ficava entre a gente
Pensamentos voavam na minha mente
Idéias não correspondidas
Idéias caladas
Por que eu sabia
Que ela não teria
Nada pra falar

Nenhum ideal na cabeça, nenhuma dúvida
Vive apenas pra transar e mentir
Um relacionamento silencioso e burro
Que me fez fazer o que eu fiz

Sumir, da noite pro dia
Sem tempo pra agonia
Ou despedida chorada

De lá eu nada levei
Sobre ela eu nada sei
E minha vida segue tranquila
Nessa solidão voluntária...

Mauricio de Lima - 20/06/2010

sábado, 8 de maio de 2010

Alvorada

Eu ouço o som da meia noite me chamar
E essa não é a primeira vez que acontece
Preciso novamente sentir essa energia
Eu preciso de sair e andar...

Com uma garrafa de cerveja na mão
O frio vem, e o cigarro aquece
Pra descarregar a raiva do dia
Eu preciso de sair e andar...

Tudo morto ao meu redor
O vento não sopra mais
O tempo parece estar parado
A única constancia é a paz

Nem a Lua entenderia
O que tantas almas vazias
Fazem agora à vagar

Quanto mais nós mesmos
Que seguimos nossos instintos
Andando sem medo
Pela madrugada

Não esperando encontrar
Qualquer perigo em abrigo
E é assim que tem sido
E há de continuar...

Até a alvorada.


Mauricio de Lima - 08/05/2010

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Náufrago

Volta náufrago
Desse mar escuro e sombrio
Depois de meses a fio
Encontre no seu abrigo
A paz para uma nova jornada

Volta náufrago
Enquanto a água invade seus pulmões
E nada pode te salvar
Sabendo que o mesmo que te deu a vida
Vai agora tirar

Erga sua cabeça
Tente nadar
Mesmo que nada faça efeito
E que não faça sentido tentar
Um pescador não pode morrer...
Ou não deveria morrer
Para o Mar

Ouça o som abafado no oceano
Sinta a vida dos que não a sentem
Sinta sua morte vindo do profundo
Se deixe levar já deste mundo

Nos últimos segundos se lembrará
De sua vida inteira a velejar
E a justiça das águas se fez valer
Pois nada mais justo poderia ser

No final
Você viveu e morreu
Com o Mar


Mauricio de Lima - 01/04/2010

domingo, 7 de março de 2010

Assim Como O Deserto

Bem no meio, vagueio, não vejo o final
Calor, tortura, cansaço mental
Alucinações atormentam minha mente não mais sã
Me fazem ver um oasis, de água pura da manhâ

Lentamente, afogo o pé na areia quente
Me arrasto sobre pernas trêmulas e cansadas
Tempos depois, chego desesperado por água
Jogo o corpo ao chão, mas sem água... sem nada

Comparações são bem vindas agora
Assim como anseei por chegar neste falso oasis
Tambem almejei encontrar no amor, a minha glória

Lutei pela mulher amada, esperei, persisti
Infelizmente, percebi que quando a consegui
Não tinha amor, não tinha prazer... não tinha nada.

Mauricio de Lima - 07/03/2010

sábado, 6 de março de 2010

Caverna

Distante muito tempo, das alegrias amargas da sociedade
Observando atento suas fragilidades e verdades
Ocultas porém, dificeis de enxergar
Vou voltar para a caverna, que é o meu lugar

Sem a luz da hipocrisia, da falsa moral e dos bons costumes
Viver uma eterna constância de paz, solidão e filosofia
Sem ter a quem divulgar minha contida alegria
Assim como tambem não precisarei conviver com seus estrumes

Da caverna eu vim, de um lugar que não posso lembrar
Sinto que estou preso a este, e também que não posso voltar
Mas enquanto vivo estiver, não vou deixar de tentar
Adentrar nas grutas dessa caverna milenar

Lugar em que eu, um pobre mortal
Vou conseguir ser feliz sem um padrão referencial
Quisera eu nunca ter me conhecido
Ir descobrindo os meus caminhos, sem seguir os percorridos

Uma longa estrada a percorrer, mas a perseverança não se abate
Onde alguém quer chegar, nada deveria impedir
Felizmente, o valor aumenta a cada dificuldade
E caso consiga chegar, nunca de lá irá sair

Da caverna eu vim e pra caverna vou voltar
Nem que pra isso eu tenha que sacrificar as coisas modernas
Que nunca me ajudaram, vou jogar todas por terra
Para enfim ficar livre, pois a caverna é o meu lugar.

Mauricio de Lima - 06/03/2010